domingo, 24 de abril de 2011

Miyamoto Musashi


Falar de artes marciais e seus contextos filosóficos e por sua vez dos samurai é impossível sem comentar sobre o Lendário Miyamoto Musashi, que em sua história de vida acoplam-se mitos e realidade, porém o mais espetacular em tudo isso é o fato deste “homem-mito” até a presente data, continuar vivo dentro da marcialidade nipônica e conseguir adentrar em diversas outras áreas dos saberes que envolvem o pensar humano enquanto conteúdos éticos, filosóficos e sociais japoneses.
Miyamoto Musashi, se chamava Shinmen Musashi no Kami Fujiwara No Genshin. Pouco se sabe sobre o nascimento do mitológico Miyamoto Musashi que entre seus inúmeros feitos criou o estilo de lutas com duas espadas ao mesmo tempo. Pois em sua época o normal era levar duas espadas na cintura, um katana (que variava entre 60 a 90 cm) e um wasisashi (que variava entre 30 a 60 centímetros). Ao combater os samurai faziam uso das duas mãos para usar a katana, ou seja, espada maior e mais poderosa. Por possuir grande altura e ser muito forte, Musashi acabou criando um método de combate com uso das duas espadas, uma em cada mão, criando assim um estilo próprio conhecido como Nitô Ichiryu ou Niten Ichiryu.
Este samurai lendário escreveu a obra “O Livro dos Cinco Anéis”, porém foi o escritor Eiji Yoshikawa que escreveu o famoso livro Musashi publicado no Brasil pela Editora Liberdade, em dois grossos volumes, conta de forma romanceada e historicista a vida de Musashi, que provavelmente viveu entre 1584 e 1645.
Dizem que Musashi nasceu na Província da Mimasaka, no Japão, em 1584, tendo sua mãe falecida após o seu nascimento, sendo filho de Shinmem Munisai, mestre de Jitte, que mais ou menos aos sete anos deixou-o; Alguns historiadores dizem que abandonou-o e foi viver em outra região do Japão. Acredita-se que seu pai foi o seu primeiro instrutor marcial, ensinando-o a manejar uma espada. Musashi daí em diante após o desaparecimento do seu pai foi criado por um tio. Sempre interessado pelas artes marciais além do Zen (meditação em japonês), xistoismo (religião bastante popular no Japão), doutrinas confucionistas e de Lao – Tzé.
Seu início marcial real, foi em um combate aos 13 anos ao derrotar Arima Kihei, famoso samurai da época, que se tratava de um excelente lutador marcial. Durante este primeiro combate, Musashi habilmente matou o seu adversário. Enquanto que aos 16 anos lutou contra outro famoso guerreiro, Tadashima Akiyama, e mais uma vez obteve sucesso. Musashi em seus primórdios não possuía técnica avançada, mas sim bastante força bruta, tendo em vista seu porte físico.
Antes de se tornar um ronin (samurai sem Senhor), Musashi lutou no clã Ashikaga, e fez parte da histórica batalha de Sekigahara, saindo sobrevivente. No livro Musashi, de Eiji Yoshikawa, o início desta obra é em cima da sobrevivência do nosso lendário samurai nesta batalha, pois ele aparece no meio de diversos cadáveres de samurai e consegue manter-se vivo ao fingir-se de morto.
O que torna este fato marcante é que após esta famosa batalha, Musashi, passa a conviver dentro de um Japão em crise onde diversos guerreiros desempregados prezam a tirania e a violência desenfreada. Obrigando por osmose e necessidade social a nosso herói também agir desta maneira lutando pelo Japão adentro.
Grandes feitos são expostos a este lendário samurai. Verdades ou mentiras em relação a Miyamoto Musashi, pouco importa, “pois o mito, por si só se protege”, e apesar dele ter morrido em 19 de maio de 1654, ele continua vivo não somente no Japão como em todo o mundo marcial e cada vez mais em outras áreas do conhecimento humano. Sabe-se com certeza que dois anos antes de morrer ele deixou o Castelo de Kumamento, onde residia e foi viver na caverna de Keigando, para escrever a sua imortal e única obra Go Rin No Sho, ou seja, O Livro dos Cinco Anéis. Deixando uma obra que o tornou imortal e respeitado mundialmente; tal como disse o escritor e pensador Sartre ao ser preso: “Prendam-me pois o meu corpo físico estará na cela, porém minhas idéias estão espalhadas pelo mundo e estas ninguém poderá coloca-las em prisões físicas”.
Musashi morreu, porém suas idéias continuam vivas dentro de cada um de nós que, direta ou indiretamente, amamos a filosofia marcial.


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